quinta-feira, 20 de março de 2008

Cuidados necessários para a preservação do casamento

Mensagem do casamento da Sabrina e Gustavo – 15/3/2008

Certa vez um pastor fez um levantamento sobre os casamentos que havia feito. Ele ficou bastante frustrado pois havia constatado que quase metade daqueles casais haviam se separado.

Diante dessa estatística, ele reuniu os casais de sua igreja e contou a eles sobre o seu levantamento. O pastor começou a dizer, com base nas estatísticas, que, daquele grupo ali reunido, muito provavelmente metade iria se separar nos próximos 5 anos, pelos mais variados motivos listados por eles.

Todos ficaram um tanto assustados com aquela previsão sombria. Então o pastor disse: “precisamos então, desde já, tomar os cuidados necessários para evitar esse prognóstico”.

Seguindo a mesma idéia desse pastor, quero conversar com vocês sobre o grande mal que destrói o casamento e como evitá-lo.

Mateus 19:1-12

Quando o coração está endurecido, qualquer motivo é motivo.

Um dos grandes obstáculos que Jesus enfrentou durante seu ministério foi a oposição dos líderes religiosos de sua época. Esses líderes, movidos pela inveja, sempre tentavam encurralar Jesus na expectativa de que ele caísse em alguma contradição para o desqualificarem perante o povo.

Nesse texto, os líderes religiosos tentam colocar Jesus no meio de uma discussão que havia na época, uma disputa que havia entre duas escolas rabínicas sobre a interpretação da lei sobre divórcio em Dt 24:1-4.

Se um homem casar-se com uma mulher e depois não a quiser mais por encontrar nela algo que ele reprova, dará certidão de divórcio à mulher e a mandará embora. Se, depois de sair da casa, ela se tornar mulher de outro homem, e este não gostar mais dela, lhe dará certidão de divórcio, e a mandará embora. Ou se o segundo marido morrer, o primeiro, que se divorciou dela, não poderá casar-se com ela de novo, visto que ela foi contaminada. Seria detestável para o SENHOR. Não tragam pecado sobre a terra que o SENHOR, o seu Deus, lhes dá por herança.

A escola do rabino Shamai defendia que a expressão “algo que ele reprova” se referia ao adultério, logo o único motivo aceitável para o divórcio. A escola de Hilel defendia que a expressão se referia a qualquer coisa que desagradasse o marido, como por exemplo, ser má cozinheira.

Na resposta de Jesus ele deixa muito claro que a questão central da discussão não é o motivo em si, mas sim o quanto as pessoas estariam dispostas a enxergar o casamento do jeito que ele foi planejado por Deus. Jesus reafirma o plano de Deus para o homem e a mulher: que ambos deixem pai e mãe e se unam numa relação de harmonia e intimidade, uma fonte de alegria e realização para os dois.

Essa falta de disposição em aceitar o plano de Deus Jesus chama de “dureza de coração”, ou seja, uma teimosia persistente, conhecida popularmente como má vontade. A lógica de Jesus é que quando há má vontade qualquer motivo é motivo para acabar com o casamento. E que Deus permitiu o divórcio para não condenar, principalmente às mulheres, a uma convivência perversa com uma pessoa dura de coração.

Quando o coração está endurecido o outro é tratado como um ser descartável.

Stephen Kanitz, escreveu um texto muito interessante sobre casamento[1]. Ele conta que, ao completar 30 anos de casado ouviu de muitas pessoas a frase: “coisa rara hoje em dia”. Ao olhar para seus amigos de infância ele constatou que 40% deles já haviam se separado.

Refletindo sobre isso, Kanitz afirma que a frase mais importante do casamento, “vou amar você para sempre”, tem sido muito banalizada, e que, na verdade, o que as pessoas estão dizendo é: “prometo amar você enquanto uma pessoa mais interessante não aparecer”.

Me lembro também do casamento da Adriane Galisteu com o Roberto Justus. Me lembro que no meio da festa o repórter perguntou a ela: “até que a morte os separe?” E ela respondeu: “não, enquanto eu estiver feliz”.

Talvez você esteja pensando: “mas, não está certo? Vale a pena viver infeliz ao lado de uma pessoa?” O problema por traz dessa mentalidade é lidar com as pessoas como seres descartáveis, como a embalagem de um produto que, após eu consumir o seu conteúdo, ela é descartada.

Quando o coração está aberto não banalizamos o que Deus criou.

Se a dureza do coração é o grande mal que destrói casamentos, o contrário é igualmente verdadeiro. O grande desafio de Jesus é “não banalize aquilo que Deus criou com tanto carinho”. Jesus nos convida para olhar para a forma como ele criou o ser humano. Ele nos fez de forma que o que nos realiza é amar e sermos amados, e que o melhor espaço para se cultivar o amor é o casamento.

Um famoso teólogo alemão chamado Dietrich Bonhoeffer escreveu para sua sobrinha que iria se casar que não era o amor que sustentava o casamento mas sim o casamento que sustentaria o amor.

Quando o coração está aberto conseguimos enfrentar as dificuldades da vida sem abrir mão do compromisso com o outro.

Kanitz, em seu artigo sobre o casamento diz algo semelhante a Bonhoeffer, ele diz que os noivos deveriam dizer um para o outro algo assim: "Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade. Sei que fatalmente encontrarei centenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu. É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar preocupado com o futuro de nosso relacionamento. Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma mulher provocante. Prometo amar você para sempre, para que possamos nos casar e viver em harmonia".

Em outras palavras, o grande desafio é o de assumir um compromisso com o outro de continuar amando apesar das várias dificuldades que serão enfrentadas ao longo vida. E para manter esse compromisso é preciso de muita boa vontade, o que inclui perdoar, dialogar, abrir mão, reconhecer os próprios erros e sempre estar disposto recomeçar.

Fazer isso não é fácil, por isso precisamos estar conectados à fonte do amor verdadeiro, àquele que não poupou nem ao Seu próprio Filho por amor àqueles a quem ele quer bem.


[1] Você o encontra no site do autor WWW.kanitz.com.br, “O Contrato de Casamento”

Um comentário:

Tathy Leal disse...

Bem... conheço virtualmete sua tia NICe, que adotei como minha vó. Uma fofa! que me ajuda muito com suas mensagens.E você herdou dela esse dom? Fuçei seu blog.Parabéns.Não li tudo .Mas gostei dos temas das mensagens.
Poderemos ser amigos!
Um abraço fraterno.
P.S.Congrego ma Batista.BA